segunda-feira, maio 31, 2004

Curiosos Anos do Cinema (1)


por Vasco Martins

Cem anos passaram desde o nascimento do Cinematógrafo. Um século sem igual desde a criação do Universo, um capítulo na história das civilizações. Depois da literatura, da música, da arquitectura, da pintura, da escultura e da dança, a Sétima Arte afirmava-se igualmente uma arte tradicional e imprescindível para a vida do ser humano, a par da ciência, da técnica, da política e da religião. Deve-se ao teórico italiano Ricciotto Canudo (1877-1923) a colocação desta nova arte naquela posição numérica (ver capítulo "Vanguarda do Cinema Francês").
Cem anos de avanços técnicos, seguido de imediato pelas conquistas no âmbito do seu vocabulário expressivo, da sua gramática, da sua sintaxe e da sua retórica. Surgida da mecânica, da fotoquímica e da electricidade, esta nova arte apareceu para revolucionar o sentido da vida do homem moderno, e para constituir um espectáculo de massas excepcional e uma indústria de comunicação, de investigação, de informação e de diversão sem comparação possível, até ao momento.
Cem anos de progresso organizativo, de penetração nas consciências de milhões de espectadores interessados. Nascido da revolução industrial do século XIX, o Cinema sempre foi e é a arte do século XX, prosseguindo o seu caminho, de sucesso em sucesso, a passos largos, ao longo deste recentemente iniciado século XXI.
Movidos por uma inabalável fé pelo Cinema, pela esperança no futuro imediato e pelo amor despertado há muitos anos, iniciamos aqui uma caminhada pelas diversas etapas da vida de uma arte jovem que conseguiu distinguir-se das outras seis, antigas de milénios, desde a criação do Cinematógrafo até aos nossos dias. Será uma revisão emocionada, mas precisa, a Cem Anos de Cinema, a uma incomparável epopeia pelo que uma arte novíssima passa do nada ao todo, da barraca de feira à omnipresença em cada casa desta aldeia global em que se converteu o mundo dos nossos dias.
(continua)